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Divulgação do evento.

  De 25 de maio a 02 de junho, o Rio de Janeiro recebe a 9ª edição do International Uranium Film Festival. O Festival de Cinema da Era Atômica, acontece, entre outros lugares, na cinemateca do MAM Rio. O Uranium é o primeiro festival do mundo a abordar a temática dos riscos nucleares. Trazido para o Brasil pelo jornalista alemão Norbert G. Suchanek e pela cientista social brasileira Márcia Gomes de Oliveira, o evento aborda desde o acidente radiológico de Goiânia, o Césio 137, considerado o maior acidente radiológico ocorrido no Brasil até os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho. A participação de sobreviventes da bomba de Hiroshima, foi o ponto alto do primeiro fim de semana do evento. Hiroshima. Takashi Morita, de 95 anos, Kunihiko Bonkohara, de 78 anos, falaram para uma plateia atenta e emocionada. Os alunos do curso técnico em dança da Eteab/Faetec, realizaram uma apresentação artística tendo como base a música Rosa de Hiroshima.  

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Kunihiko Bonkohara e Takashi Morita

  Takashima Morita, ex-policial militar, tinha 21 anos, quando sobreviveu à bomba, no dia 6 de agosto de 1945. Exatamente às 8h15min, ele estava a apenas a 1.300 metros do local do ataque, foi quando ouviu um estrondo, seguido de um forte clarão. Era a bomba de urânio denominada “Little boy”. Somente no final da tarde a população japonesa descobriu que se tratava de um ataque com bomba atômica. Morita ajudou no resgate das vítimas e afirma, jamais conseguiu esquecer o cenário de destruição que tomou conta da cidade. Segundo ele, onde a bomba caiu existia um rio, pode-se ver centenas de corpos boiando. Milhares de pessoas morreram carbonizadas. A população na época era de 260.000 pessoas, cerca de 80.000 morreram no ataque. Poucos dias depois, os EUA, atacaram Nagasaki com o “Fat Man”, uma bomba de plutônio mais forte que a que havia explodido sobre Hiroshima, acabando com um terço da cidade, matando cerca de 40.000 pessoas. No dia 15 de agosto o Japão se rendeu. Sua rendição demorou devido ao governo totalmente autoritário e militarista do Imperador Hirohito. Kunihiko Bonkohara, hoje com 78 anos, tinha apenas 5 anos, quando ocorreram os ataques. Formado em engenharia na Escola de Obras Públicas, nunca mais encontrou sua mãe e sua irmã, que saíram de casa minutos antes do ataque. Para protege-lo, conta que o pai o colocou embaixo de uma mesa. Emociona-se lembrando que, desde muito , foi obrigado a carregar as piores lembranças que alguém pode ter.

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Kunihiko Bonkohara, Márcia Gomes, Rogério Nagai e Takashi Morita.

     Em 1984, Takashima Morita criou a Associação para as vítimas de bomba atômica para as vítimas que residem no Brasil. Atualmente, a organização atende cerca de 110 pessoas e tem como seus principais objetivos: levar mensagem de paz para todos os cantos do mundo, com a intenção de que nunca mais aconteça uma tragédia assim aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo; Tratamento para todas as vítimas, independente do país que residem e buscar divulgar sempre os perigos das bombas atômicas e da energia nuclear. Morita é o primeiro sobrevivente de uma bomba atômica a lançar um livro em solo brasileiro e receber a medalha Anchieta, a maior condecoração que o estado de São Paulo possui. O nome do livro é: A última mensagem de Hiroshima.”. Enquanto eu tiver fôlego de vida, pregarei a paz. Esse é o serviço que venho fazendo.”, revela emocionado. Provocado pela pergunta: O que as grandes tragédias têm para ensinar a humanidade?, responde: “Sempre haverá, a humanidade não aprendeu nada, temos uma tendência a esquecer tudo. Devemos tomar consciência e parar de olhar o outro como conflito, pois a indústria bélica é a maior indústria. Todos precisam se abraçar e rezar pela paz”.  Os sobreviventes possuem uma petição internacional para a extinção da bomba atômica. O Festival termina somente no domingo, dia 2 de junho. Acompanhe a programação http://uraniumfilmfestival.org/pt-br/programacao-rio-2019.

Matéria produzida pela aluna Sara Dutra e supervisionada pela coordenadora Ana Cláudia Condeixa.

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